quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Miojo. Fail?

Hoje é comemorado o Dia do Miojo. 
No dia 25 de agosto, a Nissin Miojo celebra os 53 anos do macarrão instantâneo no Brasil. Para isso vários chefs renomados, recriam a receita do tradicional miojo, usando ingredientes sofisticados e servindo em lugares chiques cobrando até 70 reais por algo que se paga 70 centavos no supermercado.
Aí você me pergunta: bom nesta data especial, nos trará uma bela receita de macarrão instantâneo ao molho bechamel, ou quem sabe Miojo ao fungii. Te respondo: não.


Que me perdoe Jamie, 
que me perdoe Adriá, 
mas fora do meu blog, 
o miojo está.


Sopa-macarrão! Onde já se viu??! Se for pra comer sopa, coma sopa. Se quiser macarrão, coma macarrão. Odeio misturar receitas.


Macarrão Pizza:


Junte numa forma ou refratário que possa ser levado ao forno um pacote de macarrão cozido. Coloque presunto e queijo picados (200g de cada), duas cenouras e dois tomates em cubos, uma lata de ervilha, meia cebola picadinha, ervas frescas e orégano. Seguindo esta base acrescente o que quiser: peito de frango desfiado ou uma lata de atum, milho verde, brócolis cozido, vagem, abobrinha, bacon, mortadela, ovos cozidos, e etc infinitamente. Misture e coloque uma (ou duas se precisar) caixinhas de creme de leite e uduas colheres bem cheias de maionese. Tempere a gosto com sal, pimenta, noz-moscada (minha paixão), mostarda, shoyu...Leve ao forno até que fique quente e o queijo derreta.


Pizza de Brigadeiro: 


Para a massa bata 3 claras em neve, junte meia xícara de açúcar, as 3 gemas, meia xícara de farinha e 2 colheres de maisena. Leve para assar até dourar numa forma grande (para que a massa fique fina). Depois de assado, coloque brigadeiro (uma lata de leite condensado, chocolate em pó o suficiente e duas colheres de margarina até desgrudar da panela) e polvilhe com granulado. Sirva com sorvete opcional.





 As receitas não ficam prontas em três minutos (nem o miojo), mas você terá bem mais do que três minutos de prazer (!) degustando-as.


PS: Jamie = Jamie Oliver, um lindo, simpático, chef inglês, apresentador de programas de receitas e quem sabe meu futuro marido. 
Adriá = Ferran Adriá, renomado chef francês, precursor da gastronomia molecular (espumas, comidas que explodem na boca e etc...), cujo restaurante tem 3 estrelas (máximo) no guia Michelin (principal guia culinário do mundo). Ou seja, é o cara foda do momento.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Simplesmente um luxo.

Desafio:
1. fazer uma sobremesa de chocolate.
2. que tenha como ingrediente curry ou manjericão
3. ela tem que ser gostosa.

O challenge foi tirado de Top Chef just Desserts pelo Davi e Mar..Daniel!. Eu deveria confeccionar uma sobremesa de chocolate que levasse curry ou manjericão, assim como os grandes chefs do programa criaram. Aceitei testar com ambos os temperos. O resultado foi o seguinte:

Bombom húngaro de manjericão
Para 15 bombons pequenos usei:
1/3 de bolo pronto de baunilha (neutro). Fica melhor se usar pão de ló caseiro, mas não tinha isso ao meu alcance...
1/2 xícara de calda de chocolate (ferva leite, um quadradinho de barra de chocolate meio amargo e folhas de manjericão)
duas colheres de sopa de manjericão fresco picado
Esfarele o bolo num recipiente, junte o manjericão e regue com a calda até que se forme uma massa firme e homogênea, possível de se moldar em bolinhas. Modele os bombons, mergulhe em chocolate meio-amargo derretido, escorra e leve para gelar.

Mousse de chocolate com curry
Bata creme de leite fresco ou mistura para chantilly (de preferência sem açúcar) e misture chocolate meio-amargo derretido. Aqui as quantidades são variáveis. Utilizei cerca de duas xícaras de chantilly batido e meia barra de chocolate derretida. Para temperar use, para a quantidade mencionada, meia colher de café de curry em pó.
Leve para gelar em recipientes individuais.

Banana caramelada ao curry e cobertura de ganche
Derreta duas colheres rasas de acúcar com meia colher de café de curry em pó. Ao começar a derreter adicione uma banana cortada em rodelas não muito finas. Deixe caramelizar, virando as bananas delicadamente. Coloque num prato ou numa taça de vidro e cubra com ganache (chocolate derretido com creme de leite o suficiente para se tornar um creme espesso)
Testei inicialmente com peras e deu certo. Mas prefiro a banana, que combina perfeitamente com o chocolate. Ahhhh  sirva quente com sorvete de creme, se puder.


Eu provei estas, teoricamente, requintadas sobremesas e gostei. Realmente os dois temperos dão um sabor diferente ao chocolate: o curry deixa um sabor levemente apimentado enquanto o manjericão confere um pouco de frescor ao bombom. Mas acredite, são totalmente dispensáveis.
Nenhum dos dois faz o papel de "oh-meu-deus-se-não-tivesse-colocado-isso-a-sobremesa-ficaria-intragável".
É legal, por serem ingredientes inusitados para doces. Dão certa sofisticação, pelo menos ao nome dos pratos.
Por isso, para a primeira receita, exclua o manjericão e complemente a mistura do farelo de bolo com alguma castanha picada: castanha de caju, do pará, nozes ou amendoim.
Na segunda receita... bom ignore o curry e utilize como mousse, recheio ou cobertura de bolo.
Na terceira, troque o curry por canela, ou deixe sem nada mesmo. Não precisa de ganache. O chocolate derretido puro, quando endurece contrasta em textura com a maciez da banana.

É amigos, não precisamos de ouro em pó, muito menos de caviar para transformarmos nossas refeições em pratos dignos de Top Chefs.
Basta apenas...criatividade, tempo, dinheiro, ingredientes, paciência, acessórios de cozinha, vontade, estímulo, um porta-temperos com curry, uma horta com manjericão fresco, espaço na geladeira, inspiração, falta do que fazer, um blog para manter, etc, etc, etc...

PS: após criteriosos e rígidos testes e um controle de qualidade rigoroso (leia-se: amigos) concluiu-se que a terceira sobremesa é a melhor. Concordo.

domingo, 14 de agosto de 2011

Cozinhar. Não apenas.

O ato de cozinhar não se resume a apenas preparar ingredientes e servi-los. Há mais entre o fogão e a pia do que pressupõe vossa vã filosofia.
A arte da cozinha começa cedo, com o acompanhamento quase diário da rotina materna, uma devoção quase religiosa ao vislumbramento das etapas que envolvem o preparo do almoço. Dessa passiva admiração inicia-se a fase da participação mais ativa, seja lavando alface ou a louça. Nesse ponto alguns abandonarão a cozinha de vez. Mas quem disse que no primeiro dia num restaurante começaremos como sous-chef? A louça e o chão sujo são os primeiros passo de um caminho repleto de cascas de legumes, cebolas a serem descascadas e que somente no final terá um prato de louça branco com uma vieira esperando pra ser finalizada com seu molho curry.
Além disso, olhando o momento de preparação de um prato, não nos basta apenas abrir a geladeira cortar legumes e carnes aleatoriamente e num passe de mágica teremos algo criativo e gostoso. Não. Nada disso. São necessárias horas de análise combinatória com os ingredientes disponíveis, frustradas tentativas de temperos e meses se acostumando as mesmas coisas se tornando pratos finais diferentes para que tenhamos algo digno de (auto)elogios.
E acredite, para mim, fiel cozinheira e adoradora de pias limpas e cozinhas organizadas, não há nada mais prazeroso do que viver esse processo por completo.
A felicidade e satisfação que uma boa comida nos traz é capaz de fazer com que eu, durante horas, reflita os pratos que poderiam ser feitos com os itens de minha humilde reserva alimentícia. Ou quem sabe algo que possa ser servido aos amigos num final de um dia cansativo, que custe pouco e agrade a todos.
Ao fim desse processo pensativo, está criada uma expectativa que vai ser responsável pelo ânimo necessário para a verdadeira confecção do, às vezes simples, prato. Planejar mentalmente a ordem de preparo dos ingredientes, calculando com exatidão o tempo de cozimento e a adição de algum tempero no momento correto. E, acreditem, ao mesmo tempo, conversar, rir e ouvir uma música. Posso abrir mão do conforto do sofá e da mera apreciação dos cheiros da comida sendo preparada, mas tenho em troca o camarote Vip para acompanhar a transformação de simples pedaços de carne com cebola triturada, numa maravilhosa lasanha. E o mágico neste caso sou eu.
Nesse meio tempo o arroz pode queimar, o legume passar do ponto e a carne ficar crua. E aí a vontade de lançar a panela de pressão pela janela, junto com a sua cabeça acaba te sufocando. Mas lembre-se: sempre temos na agenda o telefone da pizzaria de dez reais, ou uma dúzia de ovos que poderão se transformar numa nova jornada culinária (supondo que não tenha lançado sua frigideira dentro da privada ainda).
Mas se tudo der certo, chega-se ao ápice da noite, o clímax da cozinha, o momento da revelação final, em que cuidadosamente pegamos nosso prato da coca-cola e organizamos com um carinho materno e expectativa quase incontrolável as partes que farão o prato, sempre finalizando com uma erva, um molho colorido ou quem sabe uma cereja que não é chuchu.
 Aos nossos olhos, a mera composição arroz+feijão+salada+carne, se torna um primor culinário. E a grande satisfação é saber que ao estômago dos que provarão, aquilo também foi um primor. Não ficamos apenas na espera do veredito final, da cara de prazer e dos longos agradecimentos e elogios. Não que isso não seja a razão de grande parte de nossa vida, motivo de sorrisos orgulhosos e felicidade eterna.
O que quero dizer é que cozinhar não é apenas cozinhar e servir. É algo muito mais abrangente e prazeroso. Envolve todos nossos sentidos e exige de nós toda a concentração (durante todo o processo e vida culinária) ao mesmo tempo que serve pra relaxar e apenas satisfazer uma necessidade biológica.  Comida gostosa é feita com amor? Talvez. Acredito mais que a intensidade de qualquer emoção reflete no prato a ser feito, seja ela a raiva, a dor ou frustração. O mero fato de sentirmos enquanto cozinhamos transforma as coisas simples e rotineiras em algo surpreendentemente marcante.

As grandes obras são belas por serem inteiramente belas: o início, o meio, e o fim, que por mais trágico que seja, passa a ser poético e sua tristeza se faz bela pelo fato de que esta parte compõe algo inteiro, muito maior que ele mesmo. Cada parte se completa e nenhuma delas nos emociona sozinha. Elas são necessárias, e por maior o sofrimento, dor e desespero que cada fase possa trazer, ele é vital para que possamos notar as alegrias, amores e belezas do resto da história. Ao final de cada uma delas, deixam em nós algo a ser pra sempre lembrado como apenas uma memória ou como o grande aprendizado de sua vida. Quando termina-se algo que um dia foi bonito, possibilita-se o início de um novo conto, uma nova canção, uma nova história que poderá se tornar eterna ou ter seu fim da mesma forma.
"Que seja eterno enquanto dure". Seja isso um poema, um romance ou uma nova receita.