quinta-feira, 28 de julho de 2016

Tô de broa

Homenagem à responsável por essa nova fase do blog: Broa de fubá aerada

A original eu comi na festa do biscoito de Polvilho. Também chamado de Paraíso, Éden, oitava maravilha do mundo....
Mas tenho uma receita em casa, provinda de nossa amiga via GNT, Rita Lobo, e obviamente adaptada às condições áridas de uma cozinha de apartamento.
Uma receita rende bem. Mas varia da pessoa que vai comer. Já comi uma fornada em um dia. Sozinha. Fora da TPM.

Os ingredientes são fáceis. O preparo é mais chato.
Mas começa colocando numa panela 1/2 xícara de leite com 1/2 xícara de água. Pode variar a proporção desde que no final tenha 1 xícara de líquido.
Adicione 75g de manteiga. Sou herege, uso margarina. Pensa que dá um pouco menos da metade do pote de 200g.
Ainda no líquido da panela coloque 2 colheres de sopa de açúcar e uma pitada de sal. Mas aí vem a dica. Essa massa fica ótima sem açúcar pra comer com patê ou qualquer recheio salgado. Duas colheres não deixa a massa muito doce então dá pra pesar um pouco mais se não houver restrições médicas.
Opcional são as sementes de erva doce (1 ou duas colheres de sopa), que eu acabo colocando nesse momento pra ferver com os líquidos e ficar com mais gosto.
É isso. Leve pra ferver.
Após ferver adicione de uma vez meia xícara de fubá e 3/4 de xícara de farinha de trigo. Confesso que às vezes eu erro o fubá pra mais e aí acabo tirando um pouco da farinha (meio a meio). Dá certo.
Aí cara você mexe. Fortemente. Porque vai virar uma grande pelota de massa. Exatamente igual massa de coxinha. Mas seja ágil. Jogou as farinhas mexa imediato.
Cozinhe dois minutos mexendo sempre até desgrudar do fundo da panela.
Beleza. Acabou a primeira parte.

Aí você transfere essa massa quente ou pra uma batedeira com aquela raquete para massas pesadas ou faz como eu e coloca numa panela maior e uma colher de pau.
Nessa hora vamos colocar 3 ovos, um a um. Nesse caso ir devagar é importante porque senão os ovos  cozinham tudo junto e aí já elvis.
Tem que jogar um ovo e misturar bem a massa. Dá um desespero inicial porque a massa fica toda separada, o ovo não mistura, a gente perde a fé. Mas é assim mesmo. Persista. E repita nos próximos dois ovos a mesma coisa. Mexa bem até ficar uma massa homogênea, meio pastosa, grudenta.
Pronto.

Agora coloque papel manteiga numa fôrma (maravilha depois pra lavar) e pré-aqueça o forno em temperatura alta (mais de 220° em média).
Se você tiver aqueles sacos de confeiteiro com bico largo pode usar para modelar as broinhas. Mas como disse anteriormente minha cozinha da crise não tem itens profissionais. Uso duas colheres para colocar um tanto de massa (umas duas colheres cheias) amontoadas na fôrma. O tamanho é à gosto. Geralmente faço do tamanho suficiente para que toda a massa caiba na mesma assadeira. Tamanho de um cookie.
Enformadas, polvilhe fubá por cima das broas. Um punhadinho em cada uma. Pra ela formar um craquelado depois de assada. Fica legal.

Depois as broas vão ao forno alto por 15 minutos. Nesse momento, em ambiente bem quente a água da massa evapora rápido mas não escapa e cria aquele interior oco da broa aerada. Dizem. Mas dá certo mesmo.
Passado os quinze minutos coloque em forno baixo (180°) por 30 minutos ou mais. Ela precisa ficar bem assada. Inclusive por dentro da cavidade oca, ou ira murchar assim que sair do forno. Vai deixando enquanto não queimar. Na dúvida tira uma e vê se depois de esfriar ela continua bem seca. Já cheguei a deixar quase uma hora no forno baixo.
Suficientemente assada deixe esfriar se quiser armazenar num saquinho ou faça como eu e coma quente.

É ótima com geleia, requeijão, goiabada, doce de leite, nada, pra vida....


Preencha seu vazio

De volta para o futuro

As coisas na vida vão e vêm. Algumas são eternas. Outras, passageiras marcantes. Às vezes definem uma era, delimitam momentos.
Mas esse blog é uma daquelas coisas que aparecem na vida de repente e são mantidas sem compromisso algum.

Acho que desde que imaginei a página pela primeira vez muita coisa mudou. Não só meus objetivos, minhas habilidades e conhecimentos culinários. Mas o modo como cozinhar passou a ser visto.
Observando os últimos dez anos é notável o glamour que a cozinha se tornou. Lugares bacanas e caros de venda de comida e ingredientes, mil livros, programas de tv e canais de vídeos absurdamente populares. Todos querem ir a restaurantes finos, fotografar pratos elaborados, saber cozinhar comidas francesas.

Daí cozinhar e falar sobre virou carne de vaca. Em todos os sentidos. 

Enfim. 
Com toda essa acessibilidade da culinária, mudança de cidade e saldo bancário consegui experimentar comidas antes tão desejadas.

Decepção.

A verdade é que vendo todos aqueles pratos sofisticados e ingredientes raros na TV, acabei passando a minha breve vida acreditando que comer em conceituados restaurantes, daqueles que tem até carta de vinhos, seria uma experiência totalmente diferente do que comer o rango do dia-a-dia, 
Que experimentar essas comidas finas seria um nível de prazer fora do comum. 
Não foi.

Depois de anos de expectativa e vários jantares fora descobri a coisa mais simples e óbvia do mundo.

Comida boa é comida gostosa. 

Pois é. O mundo é mais preto no branco que se imagina. Tem coisa boa e tem muitas ruins
Aquela macarronada bem feita na sua casa é tão gostosa quanto uma macarronada bem feita em outro lugar. Assim como a joça da sua geladeira é furada igual a do barzinho suspeito na esquina.

Comida é uma coisa pura. Não se mostra boa pelo seu preço, fama ou origem nobre. Faz-se notável pela destreza de quem a prepara. 

Dessa forma notei que a reação que esperava de um prato branco com carré de cordeiro, foie gras ou lagostim sempre existiu naquele omelete de domingo, nos lanches de fim de tarde, nos jantares sem mesa acompanhados de vinho sem rolha.

Graças a elevação espiritual que tive depois da melhor broa aerada de fubá de uma quermesse pude abrir a mente e ver aquilo que as postagens do Facebook sempre falam.
Passamos a vida correndo atrás de momentos de beleza indescritível, muitas vezes acreditando que nunca vamos acha-los. Mas na verdade as coisas mais belas e mais felizes estão na nossa frente, dia a dia.

Com essa bela reflexão provinda de um derivado do milho tive o novo empurrão para voltar a escrever aqui. 

Assim voltemos às postagens simples, à cozinha sem humildade, às receitas poéticas e aos textos levemente cômicos do blog. 



sábado, 9 de fevereiro de 2013

Não asso bolo a 180°C



Adoro programas de receita ou qualquer coisa na TV que fala de comida. De verdade. Acho que quando estou na casa dos meus pais (que pega mil canais ao contrário da TV de casa que pega um canal por posição da antena) mais da metade do que assisto tem a ver com comer.

E infelizmente programas voltados pra receitas mostram cada vez menos as dita cujas. Coloque isso até ficar assim, com essa cobertura pronta e vai ficar assim só decore e pronto. Isso é tremendamente irritante.

Mais do que isso: cozinhar passa a ser algo feito por pessoas que estudaram pra isso. Pessoas técnicas, presas a medidas e livros de receitas. Perdeu-se a dona-de-casa de mão cheia, o ex lavador de pratos que virou chef.

Um dos recentes episódios de Top Chef que assisti, um dos jurados (Tom Colicchio) esculachou uma das participantes que disse “é só seguir o que ta escrito no livro”

Não!!! Não é! Um bom chef aprende a cozinhar testando, fazendo e errando a receita. E não seguindo instruções de um texto técnico.

Ótimo que você saiba fazer um bolo de chocolate com 200g de chocolate do padre 66% cacau e 4 ovos. Mas e quando você tiver apenas Nescau e três ovos em casa? Você já errou e esqueceu ingredientes pra saber o que cada um faz no bolo? Pra saber pelo que eles podem ser substituídos? Não! Porque a maioria desse pseudo-cozinheiros cozinha por glamour então nunca terão uma dispensa sem favas de baunilha ou um liquidificador quebrado.

Pior do que isso são aqueles que apresentam receitas de apenas uma coisa. Por exemplo, cupcakes. Acho que já deixei bem expresso meu rancor por esse tipo de receita modinha. O foda é quando vai uma menina mimada de unhas compridas e pintadas, pra só dar receitas de cupcakes, enfeites para cupcakes, confeitos de cupcakes, embalagens de cupcakes sem ao menos dar a receita da maldita pasta americana!!!!!!!!!! Chega-se ao ponto de que uma das receitas do programa é Açúcar colorido. A não ser que você seja um completo imbecil você sabe jogar corante alimentício no açúcar!
Como alguém que só sabe cortar confeitos em forma de flor com um cortador de flor apresenta receitas na tv enquanto eu to aqui pondo louça na lava-louça??

Eu acredito que programas de culinária tem a pretensão de ensinar algumas receitas e alguns até com a boa vontade de ensinar a cozinhar.

Pegar uma ou outra receita e tentar, pra fazer um jantar numa noite ou um almoço festivo é muito legal. E receitas na internet bem descritas servem bem ao propósito.

Mas somente a prática, experimentando as receitas do jeito que mandam e vendo o que pode e quer se mudar nelas, trocando ingredientes e modo de preparo vão realmente ensinar a grande teoria culinária.

Nunca vão chegar e te dizer durante uma semana todas os grandes segredos e todas as possibilidades de alguma coisa dar errada e como acertá-la. Não vão te ensinar a criar algo novo.

A verdade é que colocar cozinheiros iniciantes (de cozinha, não de idade) sem experiência nas adversidades da cozinha somadas a uma péssima didática pra ensinar e pouco tempo na TV resultam em receitas mal explicadas, em que cada passo aparece pronto, sem se saber como foi o processo que resultou naquilo.  Uma tragédia.

Defendo um cozinhar humilde, em que as pessoas aprendam antes de ensinar. Não só com livros, mas com outras pessoas, com o desespero. E na hora de passar tudo isso pro próximo, ensine-se direito. Passo a passo. Fazendo junto. Nada de receitas de 5 minutos em que cada etapa está já separada. Não. É necessário fazer junto com o aprendiz. Comentar as dificuldades, o que pode dar merda na receita e o que pode torná-la melhor.

Palmirinha, em seu antigo programa, tinha 50 minutos pra passar apenas uma receita. Ela não é o exemplo perfeito de aproveitamento de tempo, já que acabava passando a grande parte lavando as mãos ou falando de coisa boa e finalizava o prato nos cinco minutos finais no desespero. Mas a verdade é que durante cada etapa ela comentava com a diretora e com o “Guinho, cada ponto da receita e depois respondia perguntas das amiguinhas deixadas pra ela como dúvidas de uma receita anterior.

É tipo vó ensinando. E é isso mesmo.

Miro no exemplo que tenho em casa e que eu mesmo acabei herdando. Minha avó que faz receitas incríveis sem seguir nenhuma receita. Sua rosca tem quantidade de ovos, açúcar, farinha e fermento que variam com o que ela tem. Se o fermento está estragado ou o clima está frio para o pão crescer, não importa. Vai dar certo. Porque sempre dá e sempre deu.

Nas férias quem cozinha em casa sou eu. Acaba aliviando um pouco pra minha mãe. Mas enfim, nesses dias o que acontece é que eu sempre fico enrolando até 20 pro meio-dia pra começar o almoço. O problema é que meio dia e quinze todo mundo chega em casa pra almoçar e as pessoas tem horário pra sair. Ou seja o almoço TEM que estar pronto no horário certo. Tanto é que eu aprendi a fazer as coisas rápidas e eficientemente. Digo que o segredo pro meu almoço é adrenalina. Sai sempre na hora e modéstia a parte, está sempre muito bom.

O que me fez aprender é que a comida precisa dar certo. Não importa o tempo, o que tem, ou se eu perdi um dedo cortando legumes. Existem pessoas dependendo daquilo. Às vezes uma família cheia de horários, às vezes amigos mortos de fome, ou simplesmente somente eu querendo comida.

O que quero dizer depois do meu momento de revolta que inspirou esse texto é que, o “cozinhar” hoje em dia, perdeu muito de sua tradição, da experiência, do simples sentimento de gostar de cozinhar e da sua necessidade. Isso não é mais suficiente. Ou essencial.
Agora temos que suportar pessoas que veem a culinária como algo cool e que mal sabem viver sem uma batedeira ultra tecnológica ou uma forma de teflon, “ensinem” porcamente pessoas que realmente cozinham, que precisam de receitas práticas e dicas úteis, mas que sabem muito mais do que esses programinhas.
Esses, que a Tv chama de cozinha, não passam de mera ficção inútil. Algo pra se ver e talvez achar bonito.

O que vale realmente a pena são os programas reais, que ensinam de verdade. Tudo o que você imaginar na panela de pressão, Feijoada de frango, Falso chantilly, Pastel assado, bolo sem farinha, bolo sem ovos, arroz às mil maneiras. Isso são coisas que as pessoas querem saber. E mais do que tudo, são receitas chave, que na mão certa, se tornam inúmeras possibilidades de pratos.

E num dia mais calmo é sempre bom assistir uma vieira tostada com aspargos e molho de óleo de trufa. Não que você vá fazer algum dia. Mas é que provavelmente foi feito por alguém com as mãos amarradas nas costas. Ou sem o uso de fogão. Em 10 minutos.

Adoro programas de receita e continuarei a assisti-los intensamente, mesmo que esses metidos a super chefs me façam passar raiva. É só TV.
A verdade é que no fim do dia meu bolo vai com 3 ou 4 ovos, margarina fora da temperatura ambiente e nunca é assado na maldita temperatura de 180°.

Acho que, melhor do que executar um bom prato é ser capaz de fazer sua própria receita.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Ai ai...

A transformação das claras moles e transparentes em uma massa branca, aerada e cheia de picos é uma das transformações mais legais da cozinha, junto com o chantilly e o milho estourando em pipoca.
O fato das claras incorporarem ar, deixam qualquer massa (de bolo ou de suflê) muito leve e fofa.

Mas uma outra utilidade é usa-las para fazer o merengue, que cobre bolos e pavês. 
A receita em si é muito fácil porque bastam claras e açúcar pra serem batidos. Mas, como a cobertura geralmente não é assada, as claras precisam ser cozidas de alguma forma antes. 
Já vi jeitos em que primeiro se bate as claras em neve e depois se adiciona uma calda de açúcar bem quente e, outras em que, primeiro se aquece as claras e o açúcar pra depois bater. Em minha experiência a segunda opção é a melhor simplesmente porque foi a única que deu certo.

Vou apresentar como eu fiz (com sucesso) e depois duas opções de uso.

No caso eu usei três claras porque era o que estava sobrando na geladeira. Isso rende uma quantidade bacana de merengue. Acho que dá pra cobrir um bolo, por exemplo.
Coloque as claras numa tigela grande ou mesmo no pote da batedeira. Adicione o açúcar. Se você tiver uma balança a quantidade de açúcar é o dobro da de claras, em  gramas. Ou use a aproximação de 3 claras grandes pesam cerca de 100g. Ou a aproximação ainda mais próxima de 3 colheres de açúcar pra cada clara. Mas vai por mim. A precisão das quantidades não vai fazer a sua receita dar certo ou arruiná-la. 
(O merengue das fotos a seguir foi feita com quantidade de claras e açúcar desconhecidos, porque tinha um vidro de claras na geladeira que eu supus que eram de 3 ovos e o açúcar eu fui adicionando aos punhados....)

Coloque água para esquentar numa panela de modo que:
- a quantidade de água e a panela permitam que a tigela com as claras façam um banho maria sem tocar no nível de água.
-a água não ferva

Assim encaixe a tigela com as claras e o açúcar na panela com água quente mas não em fervura. Se quiser deixe a água ferver, desligue o fogo e aí então coloque a tigela no banho maria a vapor. 

Vá misturando até que o açúcar tenha se dissolvido completamente nas claras (ao colocar a mistura entre os dedos você não sente as granulações) e que tudo tenha se aquecido numa temperatura morna (algumas pessoas descrevem como temperatura da mamadeira do bebê. Se você, como eu não tem filhos isso seria algo próximo a estar quente, suportável, mas mais quente que uma piscina aquecida. Ou uns quinze minutos em banho-maria).

Depois de atingido esse ponto é só bater a mistura na batedeira ou à mão até que fique firme, brilhante e com uma aparência pegajosa.


Neste da foto eu ainda coloquei raspas de limão pra dar um sabor. Fica excelente.

Daí em diante fique a vontade para usar o merengue. Vou passar duas opções: cobertura de cupcake e suspiro. Mas é muito usado em tortas (de limão principalmente), pavês e etc...


1. Cobertura




Aqui eu usei um maçarico de cozinha para dourar o merengue. É tipo um lança chamas que dá esse dourado, mas em pequenas proporções.





2. Suspiros
Em uma assadeira forrada com papel manteiga coloque pequenas porções do merengue com uma colher. Leve para assar no forno mais baixo que seu fogão permitir (o meu foi 170°C).  E mesmo nesse forno baixo ajeite a porta do forno da seguinte maneira:

Ela precisa ficar entreaberta pra que a temperatura fique bem baixa. Isso se resolve com um batedor de alho de madeira travando a porta.


Após cerca de duas horas assando ele fica dourado e ao retirá-lo do forno ele seca por fora e fica crocante.




Assim o merengue pra coberturas e o suspiro como sobremesa é uma ótima opção para celíacos e intolerantes à lactose. Já para diabéticos........

sábado, 26 de janeiro de 2013

Bolo de Cenoura

O tempo passa e a cada mudança do clima coisas entram e saem de moda. Roupas, músicas, profissões e até comidas! Não que o fato de estar na moda torne o objeto em questão algo de boa qualidade. 50 tons de qualquer coisa, por exemplo. Faz sucesso seja qual for o tema (sério, saiu na Folha Comida livros de receitas como 50 tons de frango, 50 tons de couve.... até faz sentido levando em conta que despedaçar um frango pra comê-lo tem tons de sadomasoquismo...). Mas não faz do livro algo de qualidade. Sofrível, literalmente.

Mas, na cozinha, ingredientes e principalmente diferentes modos de preparo vão e vem, fazendo com que todos os programas de receita e chefs dos mais sofisticados aos mais fuleiros espalhem suas receitas de modinha aos quatro cantos e em qualquer que seja o prato. Daí aparecem espumas de todos os sabores, sorvetes salgados que explodem na boca, o caviar é a nova feijoada, a pipoca é a nova trufa....

Por isso, acho que deve-se fazer algo com a justificativa de que ela é boa e, não porque apareceu na tv. E para isso o fundamental é não ser exagerado. Tipo colocar ingredientes de mais ou radicalizar o modo de fazer.

Enfim, vou dar uma receita de um bolo tradicional que teve sua apresentação mudada de acordo com o novo queridinho das "confeiteiras" do Bem Simples: o cupcake.

Migué total dizer que cupcake é uma nova receita. É como dizer que bolacha e bolachinhas são diferentes! O fato de você diminuir a porção não faz da parte algo diferente do todo. Cupacake é simplesmente um bolinho com coberturazinha e enfeitinhos. Inho inho inho! 
É tipo uma receita para pessoas egoístas, mimadas que não querem ter o desagradável momento de dividir o pão (no caso, um bolo grande) com os outros. Apenas a sua porção individual pra se comer na solidão. 

Apesar de eu ter um aparente sentimento de revolta com essa receita, resolvi fazer como bolo de cenoura e presente de aniversário. Fofo, bonito, esteticamente agradável, muito gostoso. E como foi um presente, deu pra ter aquele sentimento de compartilhar o momento de comer com outras pessoas (piegas...).

Bom a receita a seguir é pra um bolo único de forma, mas que rende cerca de 15 cupcakes, do tamanho de uma anamaria grande ou de um sonho pequeno. Ou uma maçã média. ...

3 cenouras médias a pequenas (se elas forem aproximadamente do tamanho de uma mandioca seu bolo vai parecer uma torta de legumes e dar dor de barriga em todo mundo) cruas e raladas.
1 xícara de óleo
4 ovos
2 xícaras de açúcar
2 xícaras de farinha de trigo
1 colher de sopa de fermento

Pra ficar bem fofo e crescer bastante (compensando o efeito do peso das cenouras no bolo) eu prefiro bater as claras em neve separadamente e misturar ao resto da massa no fim. Mas não é estritamente necessário. Minha mãe fez a vida inteira sem as claras separadas e sempre deu certo. 

Primeiramente junte no liquidificador a cenoura, os ovos (ou só as gemas) e o óleo. Bata muito bem até viram um creme homogêneo. Adicione o açúcar e misture. Se quiser bata a farinha no liquidificador também. Mas a massa pode estar muito dura e não vai misturar muito bem. Nesse caso adicione a farinha numa tigela separada e misture à mão. Nesse momento coloca-se as claras em neve e o fermento, misturando delicadamente.

Agora, para os cupcakes, é necessário aquelas forminhas de papel decoradas. Olhe pra ver se elas vão ao forno, está informado na embalagem. O melhor é que você tenha forminhas de metal (daquelas pra empadinhas ou muffins) pra poder sustentar a de papel. Se não for o caso use duas forminhas de papel pra cada cupcake. Dá mais estabilidade. Ah elas não precisam ser untadas ok!

Despeje a massa em cada forminha até preencher 3/4 do recipiente. Leve pra assar em forno preferencialmente pré-aquecido (temperatura média ~ 220°C). Asse até que, fincado com um palito, este saia limpo.

A cobertura tradicional deste bolo como não-cupcake é uma caldinha doce de chocolate que seca e fica crocante. A receita é simples:
2 colheres de margarina
2 colheres de chocolate em pó
2 colheres de leite 
6 colheres de açúcar
Leve para ferver até que engrosse e jogue no bolo ainda quente.

No entanto, o característico do cupcake é uma cobertura generosa decorada com confeitos coloridos. Para uma cobertura de chocolate o melhor é fazer uma ganache com chocolate meio amargo e creme de leite que fique bem firme (cerca de 200g de chocolate derretido e uma caixinha de creme de leite) Use uma manga de confeitar com bico para modelar a cobertura e jogue algum enfeite comestível por cima. 
Pode se usar ainda chantilly, marshmallows e um creme de manteiga (buttercream) o qual eu não sei a receita, nunca comi e não me apetece.
Nessa parte o que se costuma dizer é que você pode chamar as crianças para decorar porque é super fácil, não usa facas ou fogo e ainda tira elas do videogame para se divertir à beça com seus pais na cozinha! Clichê e uma ofensa às crianças que são muito mais capazes do que isso na cozinha....


Vários tons de confeitos!


A verdade seja de que, talvez eu prefira um bolo inteiro pra comer sozinha e não apenas essa miséria colorida...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Arroz-Doce em 10 passos

Aproveitando esse clima de festa junina (ou seja, frio no sol e frio no cobertor) nada como comer algo quentinho, condizente com a festividade e o clima. E caso o clima mude de uma hora pra outra e você se vê suando bicas em pleno inverno, sem drama! Coma o arroz doce gelado.
Dessa vez fiz fotos passo-a-passo note-e-anote. Não porque eu sou legal e quero ensinar perfeitamente. Mas sim porque essa foi minha primeira vez com o arroz-doce. Sucesso.

Para umas dez porções, maisoumenos:
1 xícara de arroz
água
1L-1,5L de leite (adiciona-se até que o arroz esteja macio e não fique muito seco)
1 lata de leite condensado

Pode-se tirar o leite condensado e adoçar com açúcar. Mas a quantidade eu não tenho ideia. O negócio é ir colocando e experimentando simultaneamente.

1. Coloque numa panela o arroz lavado e água suficiente para cobri-lo. Cozinhe em fogo baixo, adicionando água se necessário até o arroz cozinhar bem.

 2. Se gostar de canela, adicione um pouco de canela em pau na primeira água do cozimento. Ela ficará na panela até o término da receita.



 3. Com o arroz cozido, mas não totalmente seco, adicione em torno de 1L de leite. Deixe em fogo baixo até ferver. Fique atento para não derramar.
 4. Quando o leite ferver adicione 1 lata de leite condensado. Ou a quantidade de açúcar a seu gosto.
 5. Deixe em fogo baixo, apurando, mexendo sempre pra não grudar no fundo da panela ou derramar. Conforme necessário, adicione leite. (sempre que houver pouca calda e o arroz ainda estiver firme).

5 1/2: Vai mexendo....

 6. Misturando em fogo baixo...
 7. Mais um pouco....
 8. O ponto (de acordo com o consenso familiar) é quando o arroz está bem molinho, e o grão de arroz puro está doce. Além disso, a calda de leite deve estar grossa, parecendo um creme. Ah, a proporção de calda/arroz deve ser farta. Se secar demais, é só adicionar mais leite. Se muito caldo, apure em fogo alto, mas mexendo sempre.

 9. Mais ou menos nessa aparência é o ponto (este foi feito com leite condensado e portanto tem uma cor mais amarelada).


10. Sirva quente polvilhado com canela em pó, sem ela ou leve a geladeira e coma gelado. 


Para conservar, deixe em um pote fechado na geladeira. Na hora de servir pode-se requentá-lo adicionando um pouco de leite, pois ele costuma "secar" quando guardado.

Ah! É normal formar uma nata monstruosa em cima (principalmente se for leite integral). Na hora de comer é só retirar. E se formada durante o preparo é só mexer que ela se dissolve novamente.

E por último: essa na verdade é a receita do arroz-super-doce. Sério.

sábado, 28 de abril de 2012

(Bolo) de Laranja com Café, Laranja com Café

Dicas pro almoço, jantar especial, refeições solitárias e encontros de amigos, ok. Mas o que fazer no café da manhã? Café preto e bolo de laranja? Acabei de aprovar.

Fiquei com vontade de fazer bolo. Qualquer bolo. Não podia ser de chocolate porque o chocolate em pó que tenho em casa era pra fazer o brownie de quinta, então nada de usá-lo. Bolo branco sem nada.. nooot. Sem fubá pro bolo de fubá. Bananas verdes pro bolo de banana. Tenho laranja.  Perfeito!!!

Resolvi adaptar uma receita minha de bolo comum (aquela receita básica para todos os bolos do mundo que já postei) porque queria economizar margarina. Usei óleo, pra deixar a massa mais úmida. E ainda bati claras em neve pra contribuir pra fofura do bolo. Mas não do jeito que você imagina....

Ingredientes:
3 ovos
2 xícaras de açúcar
1/2 xícara de óleo OU 2 colheres (sopa) de margarina
1 xícara de suco de laranja (esprema em torno de duas laranjas grandes e caldosas)
3 xícaras de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
Raspas de um limão ou laranja

Usei um único recipiente/pote/panela:
Bata as 3 claras em neve. Adicione açúcar e bata até virar um marshmallow mole. Acrescente as gemas e bata novamente até ficar clarinho. Junte o óleo/margarina, a farinha e o suco, e misture delicadamente. Termine com o fermento e as raspas, misture bem e coloque numa forma previamente untada e enfarinhada. Leve para assar em forno médio até que, ao fincar um garfo, este saia limpo (em torno de meia hora). Não abra o forno antes do bolo ter crescido por inteiro e começar a dourar em cima. Eu costumo dar uma balançada no fogão: se o bolo se mexe, significa que ainda está mole, cru. Se ele se mantém firme sinal que já posso abrir o forno e fincar o garfo.

Para 2 xícaras grandes de café não muito forte, e relativamente doce:
Coloque para ferver 400mL de água e mais um tanto. Esse "tanto" a mais serve para passar na garrafa térmica, limpá-la e deixá-la aquecida para o café.
Coloque um filtro de papel no coador ou use o de meia... Adicione duas colheres bem cheias de café em pó  (daí vai depender o tipo de pó pra deixar o café mais forte ou mais fraco. O bom é tentar uma vez e ir acertando em outras vezes, colocando menos ou mais pó...).
Quando toda a água estiver fervida coloque só a água na garrafa térmica. Ao restante (em torno de 400mL), adicione três colheres de açúcar. Não volte ao fogo, pois a água fervida "queima" o café. Foi o que me disseram, mas ninguém vai usar um termômetro pra fazer cafézinho antes de sair de casa...Aliás o certo é só adoçar o café depois, mas convenhamos... ter que colocar açúcar toda vez que quiser tomar café é um saco.
Enfim... Depois de adoçada a água e depois que tirar toda a água quente da garrafa térmica (não se esqueça desse passo!) coloque o filtro em cima da garrafa e vá passando a água adoçada pelo pó. Não é necessário ficar mexendo porque o filtro de papel pode rasgar e seu café vai ficar todo empoeirado. Ao final do processo de coação tampe a garrafa e aprecie com leite, sem leite, com chantilly ou com bolachas.

Ou com o bolo superfofo, superfofo que você fez.

Laranja com café, laranja com café! Laranja com café, laranja com café!....Xampu não lava o pé......!!!