quinta-feira, 28 de julho de 2016

De volta para o futuro

As coisas na vida vão e vêm. Algumas são eternas. Outras, passageiras marcantes. Às vezes definem uma era, delimitam momentos.
Mas esse blog é uma daquelas coisas que aparecem na vida de repente e são mantidas sem compromisso algum.

Acho que desde que imaginei a página pela primeira vez muita coisa mudou. Não só meus objetivos, minhas habilidades e conhecimentos culinários. Mas o modo como cozinhar passou a ser visto.
Observando os últimos dez anos é notável o glamour que a cozinha se tornou. Lugares bacanas e caros de venda de comida e ingredientes, mil livros, programas de tv e canais de vídeos absurdamente populares. Todos querem ir a restaurantes finos, fotografar pratos elaborados, saber cozinhar comidas francesas.

Daí cozinhar e falar sobre virou carne de vaca. Em todos os sentidos. 

Enfim. 
Com toda essa acessibilidade da culinária, mudança de cidade e saldo bancário consegui experimentar comidas antes tão desejadas.

Decepção.

A verdade é que vendo todos aqueles pratos sofisticados e ingredientes raros na TV, acabei passando a minha breve vida acreditando que comer em conceituados restaurantes, daqueles que tem até carta de vinhos, seria uma experiência totalmente diferente do que comer o rango do dia-a-dia, 
Que experimentar essas comidas finas seria um nível de prazer fora do comum. 
Não foi.

Depois de anos de expectativa e vários jantares fora descobri a coisa mais simples e óbvia do mundo.

Comida boa é comida gostosa. 

Pois é. O mundo é mais preto no branco que se imagina. Tem coisa boa e tem muitas ruins
Aquela macarronada bem feita na sua casa é tão gostosa quanto uma macarronada bem feita em outro lugar. Assim como a joça da sua geladeira é furada igual a do barzinho suspeito na esquina.

Comida é uma coisa pura. Não se mostra boa pelo seu preço, fama ou origem nobre. Faz-se notável pela destreza de quem a prepara. 

Dessa forma notei que a reação que esperava de um prato branco com carré de cordeiro, foie gras ou lagostim sempre existiu naquele omelete de domingo, nos lanches de fim de tarde, nos jantares sem mesa acompanhados de vinho sem rolha.

Graças a elevação espiritual que tive depois da melhor broa aerada de fubá de uma quermesse pude abrir a mente e ver aquilo que as postagens do Facebook sempre falam.
Passamos a vida correndo atrás de momentos de beleza indescritível, muitas vezes acreditando que nunca vamos acha-los. Mas na verdade as coisas mais belas e mais felizes estão na nossa frente, dia a dia.

Com essa bela reflexão provinda de um derivado do milho tive o novo empurrão para voltar a escrever aqui. 

Assim voltemos às postagens simples, à cozinha sem humildade, às receitas poéticas e aos textos levemente cômicos do blog. 



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